FIESP DIZ QUE PROPOSTA GERA EMPREGOS
7 de abril de 2015Duas pesquisas contratadas pela Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp) indicam que, em um universo de 800 trabalhadores de diversos setores da economia no Estado, a visão sobre a regulamentação do trabalho terceirizado – projeto que pode ser colocado em votação ainda esta semana no Congresso – é mais favorável à aprovação do que previa a entidade.
Paulo Skaf, presidente da Fiesp e do Ciesp, afirmou ontem que pretende levar os dados nesta terça-feira a Brasília para “sensibilizar os deputados” a aprovar o Projeto de Lei 4330/04, que regulamenta a relação de trabalho entre empresas contratantes e terceirizadas. Caso seja aprovado no Congresso, o texto precisará ainda passar pelo crivo do Senado. Skaf, defensor declarado da regulamentação e do projeto há mais de dez anos, diz estar confiante na aprovação.
As novas regras em discussão são alvo de críticas por parte das centrais sindicais, que consideram que a terceirização implica em perda de direitos trabalhistas e favorece a precarização do trabalho, com salários menores e mais rotatividade. Atualmente, a legislação permite apenas a terceirização de funções ligadas indiretamente à atividade fim das companhias.
Para a Fiesp, no entanto, a regulamentação de tais atividades daria mais segurança jurídica tanto para contratados quanto contratantes, e estimularia a geração de novos empregos. A estimativa da entidade é que, no Brasil, 3 milhões de novos empregos poderiam ser criados a partir da regulamentação. “Terceirização é igual a especialização. Essa legislação moderniza [as relações trabalhistas], mas há o controle natural de que nenhuma empresa vai buscar terceirizar a sua atividade básica. Vai buscar apenas o que foge de sua especialização, e muitas vezes pagando mais caro”, afirmou.
O levantamento, realizado pelo Instituto GPP com 801 entrevistados na capital, região metropolitana e interior do Estado entre 1 e 3 de abril, aponta que 83,8% dos entrevistados consideram a lei positiva; entre os funcionários terceirizados, o percentual de aprovação é de 90,8%. Para 83,5% dos entrevistados, a regulamentação da prestação de serviços terceirizados beneficiará o trabalhador; 77,7% dos entrevistados, segundo a pesquisa, consideram que a lei irá beneficiar as empresas. Os entrevistados responderam sim, não ou não sabe/não respondeu a perguntas formuladas pelo instituto.
Já do ponto de vista das empresas, uma segunda pesquisa feita pelo mesmo instituto com 235 indústrias de diferentes portes e segmentos no Estado, mostra que, dos 72% dos entrevistados que utilizam serviços terceirizados, a maior parte (70,9%) o faz atraída pela especialização da atividade desempenhada.
Das empresas que já utilizaram serviços terceirizados, 53,1% alegam que deixaram de utilizar devido à insegurança jurídica; 37,5% por terem recebidos reclamações trabalhistas de empregados terceirizados. As principais áreas de companhias que dizem utilizar serviço terceirizado são segurança e/ou vigilância (59,8% das empresas), limpeza e/ou conservação (55,4%), montagem ou manutenção de equipamentos (50%) e logística e transportes (45,6%).
Skaf afirmou que a aprovação do projeto estimulará a geração de empregos neste momento de crise econômica. Destacou que, se aprovada, a legislação apenas regulamentará um modelo de relação terceirizada que já acontece na prática e que, sem a definição de regras, está “uma bagunça”. Atualmente, segundo dados da Fiesp, existem 1 milhão de empresas prestadoras de serviços no país.
Skaf disse que o texto atual do PL 4330 é “bom”, mas não quis dizer o que poderia ser melhorado. “O ótimo é inimigo do bom. Se formos buscar o ótimo não temos o bom, vira péssimo, que é o que está acontecendo há 11 anos”, disse, referindo-se ao período de tramitação do projeto.
Estão marcadas para hoje em todo o país manifestações contrárias à aprovação do projeto 4330, organizadas por entidades trabalhistas como a Central Única dos Trabalhadores (CUT) e a Central dos Trabalhadores do Brasil (CTB) e movimentos populares como o dos trabalhadores sem terra (MST). Até o momento, segundo a CUT, estão confirmados atos em dez Estados.
Fonte: http://www.valor.com.br/politica/3994432/fiesp-diz-que-proposta-gera-empregos?