Família versus futuro
30 de março de 2009Família versus Futuro
Nestes últimos três anos, muito se falou sobre sucessão de empresas ou sucessão nas empresas. As recomendações recebidas são as mais variadas: “Abra o capital de sua empresa! Não abra o capital! Venda o seu negócio! Não venda! Faça expansão do seu negócio! Mantenha-se neste tamanho! Profissionalize sua empresa! Prepare seus filhos para a sucessão!.” Realmente, estar do lado de fora e opinar é muito fácil. Mas o que temos de real nisso tudo? Coisas aplicáveis, outras não.
Você conhece o seu negócio melhor do que ninguém! Idéias servem para aperfeiçoá-lo. Algumas empresas se preparavam para a abertura de capital em 2008 e, em decorrência do caos econômico, não o fizeram. O que teria acontecido se tivessem aberto capital? Um de nossos clientes abriu capital ao final de 2007. A operação foi com sucesso. Hoje, com a queda do valor das ações, corre o risco de sofrer interferência de seu grande concorrente.
Mas este é apenas um caso. No decorrer do segundo semestre de 2008 várias empresas se valeram da chamada Recuperação Judicial (antiga concordata) e agora não conseguem vislumbrar o que poderá acontecer em 2009. Desde o início do ano, os pedidos de “concordata” já aumentaram em 16%. Redes nacionais e internacionais fecharam 2008 declarando não terem atingido os resultados esperados.
Falando de quem não está por aqui, vimos a inglesa Tesco declarar menor crescimento de vendas dos últimos 15 anos. Aliás, as “potências mundiais” que se cuidem para não serem engolidas pela crise econômica que está aí.
Em outubro, muitos de nossos colegas estavam desesperados pela falta de liquidez que abateu o mercado. Pesquisas já mostram a intensificação de compras por nossos clientes CDE por produtos de baixo preço, comprando menos, como menos preferência por marca e variando ainda mais o local de suas compras. Nesses últimos dias, temos ouvido sobre o possível crescimento do Brasil em 2009. Há quem diga que poderá até ser negativo. Tudo que lemos e ouvimos tem de ser analisado e reanalisado. Qual é o caminho a seguir? Resposta: depende!
Ainda sobre sua empresa e o futuro dela, não há regras exatas para isso. Primeiro, você sabe, tem que buscar o ponto de estabilidade de seu negócio. Isso significa dizer que tem de crescer ou diminuir, manter seu tamanho ou reformular seu formato. Em segundo lugar, deve perguntar-se aonde quer chegar daqui a cinco anos. Em terceiro, como chegará lá. Após obter de si mesmo essas respostas, a próxima etapa será perguntar-se: quero perpetuar minha marca ou não? Limitando-nos somente a duas hipóteses, voltamos ao início de nosso texto: quero vender minha empresa ou ficar com ela? Se você optar por ficar com sua empresa, necessariamente tem de decidir se a gestão da mesma ficará com os familiares ou profissionais do mercado. Em ambos os casos e antes de começar este processo, você tem de se lembrar que gradativamente “trocará” de funções. Isso é inevitável. A verdadeira sucessão nasce no momento de sua decisão, e não quando a nova equipe de trabalho for criada. O grande perigo reside no fato de retroceder no meio do processo. É bem provável que você não tenha todas as condições para voltar ao formato anterior e poderá prejudicar o seu negócio.
A segunda hipótese é vender sua empresa. A nossa experiência tem demonstrado que para isso ocorrer com sucesso dois requisitos são necessários: (i) tenha um profissional em sua equipe com experiência nesse tipo de operação; e (ii) preparativos são necessários antes de qualquer processo.
Você pode ter muita habilidade para dirigir o seu negócio, mas estar à frente de uma operação de venda requer não deixar as emoções aflorarem e compreender as perguntas do possível comprador. Analise os prós e os contras de forma ponderada e não se precipite. Afinal de contas, seu negócio é muito importante e tem um valor de mercado que você deve conhecer muito bem.
Por Dr. João Carlos de Figueiredo Neto. Texto publicado na Revista SuperHiper, no 395, de março de 2009.