Ajuste Fiscal pode afetar programas
30 de março de 2015A necessidade de ajuste fiscal na economia pode comprometer os programas públicos de fomento à inovação. A Financiadora de Estudos e Projetos (Finep principal financiadora de projetos) ainda espera a confirmação, por parte do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), da dotação orçamentária para este ano. A crise da Petrobras vai impactar o apoio financeiro da estatal a empresas que desenvolvem soluções para o segmento de energia principalmente os projetos ligados ao Pré-Sal e as agências estaduais de fomento e desenvolvimento avaliam cenários para redefinir políticas. “As coisas estão paradas. Ainda não é possível prever os impactos da crise no financiamento das startups. Mas as fontes de recursos ficarão menores”, comenta Fernanda De Negri, diretora do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).
Segundo Marcelo Camargo, gerente de produtos financeiros descentralizados da Finep, a agência federal destinou R$ 180 milhões ao programa Tecnova linha de subvenção econômica para empresas com faturamento de até R$ 3,6 milhões em 2014. A operação do Tecnova é feita em parceria com as fundações estaduais de amparo à pesquisa e, incluindo as contrapartidas dos Estados, somou R$ 260 milhões em recursos aplicados, no ano passado, em 19 unidades federativas.
“A previsão orçamentária da Finep é de R$ 150 milhões para o Tecnova neste ano. Mas ainda não recebemos confirmação do MCTI se este valor estará disponível para a linha”, comenta Camargo. Sem orçamento definido, os editais do Tecnova estão parados. Camargo acredita que as chamadas públicas ocorrerão apenas no segundo semestre.
Enquanto aguarda a definição, a Finep aperta o passo para incrementar as opções de crédito reembolsável, como a linha Inovacred. Os empréstimos feitos pela agência possuem taxas mais atrativas do que a média praticada no mercado. “A principal meta é facilitar o acesso a esse dinheiro, desburocratizando o processo de obtenção.”
Entre as novidades ele cita o Inovacred Expresso para empresas inovadoras com faturamento até R$ 16 milhões. Essa linha permite o financiamento de até R$ 150 mil, que podem ser pagos em até quatro anos, e não exige contrapartidas da empresa. “Ainda tocamos o projeto de lançar um cartão para inovação nos moldes do cartão BNDES”, destaca Camargo.
Para Geciane Porto, coordenadora do núcleo de pesquisa em inovação, gestão tecnológica e competitividade (InGTeC) da Universidade de São Paulo, é preciso reforçar a atuação do mercado de capital de risco no financiamento às startups. “Não dá para depender apenas do fomento público”, diz. No Brasil, os fundos têm adotado uma visão bastante conservadora, buscando projetos de baixo risco e com destaque na área de tecnologia de informação e comunicação (TIC), que exige aportes menores e oferecem taxas rápidas de retorno.
Maior ousadia do mercado financeiro é essencial, segundo ela, para evitar o endividamento das empresas. “O crédito reembolsável deve responder por apenas uma parte do projeto”, destaca. Entre as linhas públicas de fomento ela cita os programas da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), os da Finep e as bolsas do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). “O empreendedor terá de ficar de olho nos editais e ser criativo para compor o plano financeiro neste ano”, diz Geciane.
A rede de contatos e o poder de aglutinação das instituições também farão diferença em tempos bicudos. Edvar Pera Jr, diretor-executivo do núcleo Softex Campinas, lembra do acordo de cooperação que a Fapesp mantém com o Matimop (centro de pesquisa e desenvolvimento da indústria israelense) para fomentar a inovação em diversos segmentos. “É uma forma de obter financiamento e de se aliar a uma empresa estrangeira para desenvolver tecnologia.”
O Startup Brasil, que integra o TI Maior, inciativa do MCTI, apoia 100 startups por ano. Cada negócio vai receber R$ 200 mil para desenvolver um produto ou serviço inovador, segundo Virgilio Almeida, secretário de política de informática do MCTI.
Fonte: http://www.valor.com.br/empresas/3981912/ajuste-fiscal-pode-afetar-programas#